segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Em 1888 Eça escrevia assim.

Ega: - Então, Cohen, diga-nos você, conte-nos cá... O empréstimo faz-se ou não se faz?
E acirrou a curiosidade, dizendo para os lados que aquela questão do empréstimo era grave. Uma operação tremenda, um verdadeiro episódio histórico!...

(…) Os empréstimo em Portugal constituíam hoje uma das fontes de receita, tão regular, tão indispensável, tão sabida como o imposto. A única ocupação dos ministérios era mesma esta -«cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo». E assim se havia de continuar...

Cohen, sorrindo. - Ah, sobre isso, ninguém tem ilusões, meu caro senhor. Nem os próprios ministros da Fazenda!... A bancarrota é inevitável: é como quem faz uma soma...

- A bancarrota é tão certa, as coisas estão dispostas para ela – continuava o Cohen – que seria mesmo fácil a qualquer, em dois ou três anos, fazer falir o país...


Eça de Queirós, in Os Maias, pág. 165

Por isso houve um General Romano que no século I ou II a.c., nos descreveu assim a Caio Júlio César:

"Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho: não se governa, nem se deixa governar!"